Neguinho da Beija-Flor foi impedido pela família de Jamelão a gravar tributo

Extra


Um dos mais importantes intérpretes do samba, Neguinho da Beija-Flor encerrou a programação da Redação de Vidro do jornal "Extra" que movimentou a Praça Quinze na última semana. De bem com a vida, respondeu aos leitores com a simpatia que fez dele um nome tão querido. No bate-papo, entre outras coisas, revelou suas paixões e a vontade de gravar um disco em homenagem a Jamelão.

Já recebeu propostas de outras escolas? Iria para a Portela?
Paulo, de Madureira
Assim que eu entrei na Beija-Flor, e ganhamos três carnavais, o pessoal da Portela me chamou, mas eu tava dando certo e não quis ir. E hoje, com 38 anos de escola, eu não iria. Vou terminar minha carreira na Beija-Flor, como Jamelão fez na Mangueira. Eu sou o único intérprete do samba que há tanto tempo não sai de sua escola.


Como está o andamento do enredo da Beija-Flor para o carnaval de 2014?
Cleiton, de Duque de Caxias
A Beija-Flor vai falar sobre o Boni, que é um grande comunicador. E ele gosta de carnaval, é carnavalesco. É uma homenagem merecida. Eu já estive com ele, e já tem samba pronto. A Beija-Flor já apresenta a escolha e começa os ensaios em julho.

Quando você lançou a música “Obrigado, Jesus” teve um boato de que você não pisaria mais na avenida por ser temente a Deus. É verdade?
Alexandro, do Morro da Conceição
Vou dar continuidade ao que mais gosto de fazer, e ao que o povo espera, que é estar na avenida, mas com plena fé em Deus, agradecendo sempre a tudo que ele me proporcionou, a cura do câncer de intestino. Me perguntam o motivo de eu gravar a música e se eu iria largar o Carnaval para ser evangélico, mas evangélico eu já sou, porque evangélico é que aquele que acredita piamente em Deus. Eu não vou deixar o samba.

Qual a sua expectativa para o Carnaval 2014?
Daisy, de São Gonçalo
Hoje em dia o Carnaval está muito disputado. Não tem mais isso de escola de pequeno nem grande porte, todas têm a mesma dimensão, o dinheiro é o mesmo. Na época que eu comecei, só quatro escolas ganhavam: Mangueira, Salgueiro, Portela e Império Serrano. Hoje isso mudou, não existe mais aquela favorita. Quem está perto de ganhar o carnaval, e a gente está de olho nela, é a Grande Rio.

Como surgiu a sua marca, “Olha a Beija-Flor aí gente”?
Leonardo Bruno, jornalista do Extra
Foi por acaso. Em 1977, eu estava meio que cochilando, e todas as escolas estavam gravando no estúdio. Tinham acabado de gravar o samba da Portela. Aí o cara falou assim: “Qual é a próxima escola?”. E eu disse: “Olha a Beija-Flor aí gente”. E o microfone estava ligado. A gente acabou deixando, e escola nenhuma tinha isso. E, hoje, todas as escolas do mundo têm esse grito de guerra antes de começar o samba.

Qual foi a inspiração da música “Mulher, mulher, mulher”?
Édila, de Niterói
Estava com um amigo de Manaus esperando começar a roda de samba do Cordão da Bola Preta. E só entrava mulher. A gente, que era feio, estava adorando. E aí começou: “uma mulher, duas mulher”... Mas essa música ficou guardada por 40 anos. Aí, um dia eu fui fazer show em Manaus, cantei a música, e as pessoas não deixaram eu fazer mais nada. Gastei muito com essa coisa do câncer e fiquei quebrado, eu gravei essa música de brincadeira e voltou o dinheiro todinho.

Além do samba, qual é a sua outra paixão?
Maria da Conceição, da Ilha do Governador
Eu tenho quatro paixões na minha vida. Primeiramente, ter saúde. Depois, a Beija-Flor, o Flamengo e as mulheres.

Para muitos, Jamelão é o grande mestre. Você viria em seguida. Você se sente um sucessor dele?
Lina Marques, repórter do Extra
Não me sinto um sucessor, mas, sim, um admirador do Jamelão. Meu grande sonho, e é a primeira vez que eu digo isso, é fazer um disco homenageando o Jamelão. Eu tinha até um repertório já escolhido, mas os familiares não permitiram.


 

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