Sem policiamento, rodovia que corta Nova Andradina irá virar corredor do tráfico

Além disso, com federalização, governos Municipal, Estadual e Zona Azul poderão perder autonomia para promover blitz, multas entre outras ações em trecho da avenida Moura Andrade

Da Redação


A rodovia MS-276, que corta Nova Andradina através da Avenida Antônio Joaquim de Moura Andrade, voltou a ser BR-376. A federalização da rodovia estadual ocorreu depois que a Câmara dos Deputados aprovou a medida provisória n°.708/2015, que autorizou a União reincorporar 625,3 km das rodovias 060, 463, 376 e 487 da malha rodoviária federal transferida ao Mato Grosso do Sul, em 2002.

Ao todo, 15 trechos da antiga MS-276 foram federalizados, totalizando 174,9 km. A medida atingiu diretamente a região do Vale do Ivinhema, principalmente por conta do trecho que liga Nova Andradina a Ivinhema e que voltará a ser reconhecido pela nomenclatura BR-376. A pista também está presente nos seguintes trechos: Fim da pista dupla/entroncamento/MS-141/Ivinhema; Entroncamento MS-141/Ivinhema/Vila Amandina; Entroncamento MS-276/Vila Amandina; e Entroncamento MS-276/entrocamento rodovias MS-134/MS-274/MS-473/Nova Andradina.

Posto abandonado: corredor do tráfico 

Hoje, a BR-376 é uma via importante para acesso às cidades do cone sul do Estado, como Dourados, Naviraí, entre outros municípios da fronteira. A principal preocupação dos usuários no trecho, principalmente de Nova Andradina a Dourados, é que o policiamento passará a ser de responsabilidade do governo federal, ou seja, da PRF (Polícia Rodoviária Federal), com subordinação à Unidade Operacional de Dourados.

Contudo, conforme apurou o Jornal da Nova, a PRF passa por uma crise e está sem efetivo policial para, por exemplo, alocar na nova Unidade Operacional na Vila Amandina, município de Ivinhema. 

Base Operacional da PMR na Vila Amandina, município de Ivinhema – Foto: Jornal da Nova

Com a saída da PMR (Polícia Militar Rodoviária) da base operacional de Amandina, o posto ficará abandonado, uma facilidade para o crime organizado passar com cargas ilícitas, sem se preocuparem com quaisquer fiscalizações na rodovia.

Já na questão trânsito, caso houver um acidente no trecho que corresponde Nova Andradina a Dourados, quem atenderá será a Unidade Operacional de Dourados, a qual cabe a competência. 

Por exemplo: Se houver um acidente próximo da ponte do rio Ivinhema, uma viatura teria que deslocar de Dourados até ao local da ocorrência para o atendimento, isso levaria pouco mais de 2h de viagem, fora se o trânsito ficar interditado, e os usuários parados esperando a pista ser liberada.  

Outra preocupação da população do Vale do Ivinhema, principalmente das cidades de Nova Andradina, Batayporã, Ivinhema e Angélica, é que grupos criminosos podem montar “QGs” (Quartéis Generais) do crime para movimentar o tráfico de drogas, fomentando, com isso, outros crimes, como homicídios, roubos e furtos.

Como seria? 

O crime organizado montava nas cidades uma base, aonde as drogas viriam facilmente da fronteira pela rodovia sem fiscalização, dessa cidade redistribuiriam para outros Estados do País, isso facilitaria o comércio no mercado negro.

PMR autando na rodovia que liga Nova Andradina a Ivinhema - Foto: Jornal da Nova/Arquivo

Roubos e furtos

Muitas ocorrências que tiveram na região de Nova Andradina, foram barradas na base operacional da Vila Amandina, onde foram recuperados os veículos e criminosos presos. Sem a presença policial, isso facilitaria mais ainda para o crime organizado. 

Moura Andrade sem fiscalização

A medida deve ainda atingir a Avenida Antônio Joaquim de Moura Andrade, que é um prolongamento da BR-376. A  rodovia federal se encerra no Obelisco central e, com isso, a responsabilidade de blitz, multas entre outras ações também seria de responsabilidade da PRF. 

Para que o Governo Municipal, o Governo do Estado e, até mesmo, o sistema de estacionamento rotativo Zona Azul possa operar na avenida (no trecho urbano compreendido da Coopergrãos até a o obelisco, por exemplo), os chefes de Executivo terão que efetuar um convênio com o Governo Federal, apurou o Jornal da Nova.

Prolongamento da Moura Andrade com placa de sinalização da BR-376 – Foto: Jornal da Nova

Polícia Militar Rodoviária

Quem sairá prejudicado nesta história serão policiais da PMR (Polícia Militar Rodoviária), Estado de MS e usuários das rodovias MS-141 (trecho de Angélica a Nova Andradina/Angélica a Ivinhema/Ivinhema a Naviraí e Naviraí). Novo Horizonte do Sul – trecho da MS-475; Angélica a Ipezal pela MS-274; Deodápolis a BR-267 – trecho MS-145, que ficará distante da base operacional do Vale do Ivinhema, localizada em Batayporã na MS-134.

Além da distância, com o fechamento da base da Vila Amandina, o policiamento da PMR também será reduzido. 

Despesas 

Essa iniciativa visa diminuir despesas para o Estado, por isso houve a devolução das rodovias para a União, pois está ficando caro para o governo estadual realizar a manutenção nas rodovias federalizadas no Estado. Em Mato Grosso do Sul, além da BR-376, outras três rodovias deverão ser reincorporadas à união BR-060, 463 e 487.  Já a BR-060, na região de Sidrolândia, a PRF assumiu a Unidade Operacional.

Governo federal anda privatizando rodovias

Há vantagens e desvantagens no processo de privatização das rodovias. Por um lado, esse procedimento acarreta em gastos para os motoristas, que precisam arcar com os pedágios. Por outro lado, leva o Estado a concentrar sua administração em funções básicas, como educação, saúde, segurança, saneamento básico, ciência e tecnologia e justiça, e possibilita maiores investimentos em melhorias para as pistas, visto que a empresa que adquiriu o bem deve deixá-las em um padrão mais elevado que o anterior.

Rodovia BR-376 na região de Nova Andradina - Foto: Jornal da Nova

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