Um tereré para a Ténéré?

*Lara Gabrielle Caetano Lemes


Hoje, quando entrei em um aplicativo do celular, me deparei com uma imagem curiosa: a única Árvore do Ténéré. Bem, primeiro esse nome me lembrou o meu famoso Tereré (confesso que, de primeira, foi isso que eu li). Segundo, porque essa Árvore do Ténéré é realmente única no deserto: ela reinava sozinha, imperava no título da árvore mais isolada do mundo. Por um momento, esse status da árvore me deixou encabulada, mas, por outro lado, eu só conseguia vê-la exatamente do jeito que ela é: única em sua beleza. (pode pesquisar aí no Google!). Não sei exatamente porque aquela árvore sozinha no meio do deserto me chamou tanta atenção. Uma hipótese é porque eu estava atribuindo a ela características de pessoas, como se a árvore tivesse a consciência de sua solidão. Por um momento, eu quase já me via indo ao deserto – tinha caravanas para lá, sabia? E é sério isso! – só para lhe dar um abraço.

Minha tese: as árvores têm muito a nos ensinar sobre a vida e as pessoas. Algumas têm uma casca mais grossa, mas que não deixam de dar frutos e flores; outras envergavam com o vento – o que não lhes arranca de suas raízes: fortes, longínquas e firmes. Por vezes, encontramos árvores que não possuem nenhum tipo de folhagem. Então me ocorreu como essas árvores se assemelham a algumas pessoas: os galhos secos seriam pessoas ocas, áridas, desérticas, que somente ocupam espaço e querem a todo custo que as árvores floridas se igualem a eles, esquecem-se de produzir sua própria folhagem e de fazerem sua fotossíntese. As árvores grandes e floridas são aquelas pessoas que possuem luz própria e com toda a sua copa faz uma sombra boa para um tereré, uma serenata, um piquenique, ou seja, árvores que nos acolhem desde as raízes até o último fio de folha. Temos árvores diferentes em todos os aspectos: algumas são bem altas, outras pequeninas, possuem mais ou menos folhas, tem as que dão flores o ano inteiro e as que só floreiam uma vez ao ano. Temos as árvores que passam por um inverno rigoroso, se encolhem, se desfolham para que na primavera se encham em todos os sentidos (os mais velhos até dizem: depois da tempestade, vem a bonança). Temos as árvores que deitam raízes em determinados lugares e só ali poderão ser plenas, completas e inteiras.

Elas são tão diferentes... Mas são essas diferenças que enriquecem e formam uma floresta inteira ou uma beleza única como a Árvore do Ténéré (que combina com um tereré, não?). E você, é uma árvore florida ou um galho seco?

*Aluna do Curso de Técnico em Agropecuária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul (IFMS), campus: Nova Andradina. Amante dos livros. Romântica incurável. Virginiana paranoica. Moça que acredita em fadas e unicórnios.

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