O meu companheiro

*Gabriela Vieira da Silva Marques


Há muito tempo eu andava pedindo um cachorrinho para minha mãe. Todos os dias quando saía da escola passava em uma loja de mascotes para admirar os animais à venda. Sabia preços e todos os cuidados que deveria ter, caso conseguisse meu tão sonhado amiguinho. O problema é que minha mãe sempre dizia que não queria cachorro, pois fazia muita sujeira e dava muito trabalho.

Um dia caminhando pela rua encontrei um cachorrinho perdido e comentei com minha mãe sobre o quanto seria legal adotarmos um animalzinho assim, afinal, ele deveria se sentir muito triste e faríamos uma boa ação salvando-o do frio e da fome. Minha mãe me olhou diferente aquele dia e foi então que compreendi que estava conquistando-a direitinho. Passou-se um tempo e eu comecei a observar algo de “errado”, ela estava vendo casa e cama para cachorro na internet. Foi aí que compreendi, com muita felicidade, que finalmente ia ganhar o meu companheiro.

Dito e feito! No outro dia, ao chegar da escola, mamãe me esperava com uma surpresa. Tinha entrado em uma página de Facebook para adoção de animais de rua e havia me conseguido um cachorro. Era um animalzinho minúsculo, uma bolinha de pelos, branco feito neve, tinha a orelhinha abaixada e o rabinho meio levantado. Era uma mescla de cachorro da raça Akita, com qualquer outra raça indefinida, mas para mim não fez a menor diferença que não fosse de raça pura e que não tivesse pedigree. Meu fiel companheiro enfim havia chegado! Demorou para que eu escolhesse o seu nome, pois queria um japonês e a minha família não, então decidimos dar-lhe o nome de Jhow.  

Foram 2 anos felizes, mais difícil no primeiro mês, pois ele ficou doente e achei que ia perdê-lo, mas com cuidados médicos e carinho ele superou. Ensinei-lhe muita coisa: dar-me bom dia com a pata, correr para buscar a bolinha.  Mudei o seu paladar e começou a comer todo tipo de fruta.

Sim, meu companheirinho aprendeu muita coisa, mas quem aprendeu de verdade fui eu. Aprendi o que era companheirismo e amizade, pois Jhow sempre me acompanhava em todos os lugares. Se eu estava na cozinha, ele estava na janela; se eu estivesse na sala, ele estava na porta; quando chorava, ele colocava a cabeça em cima da minha perna; quando demorava para acordar, ele ia na janela e fazia barulho.

Foram os melhores anos de minha vida, mas infelizmente meu amigo teve que partir. Ficou muito bravo e tivemos que mandá-lo para uma fazenda. Doeu muito saber que ele não estaria mais ao meu lado, mas sabia que era o melhor a ser feito.

Nesses dois anos com meu cachorro aprendi o verdadeiro significado do amor e companheirismo. Um ser tão pequenino me ensinou que a felicidade está nas coisas mais simples da vida, como por exemplo, um latido de alegria com a sensação de "foi bom te ver!".

 

*Estudante do curso de Agropecuária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul (IFMS), campus: Nova Andradina. Gosto da boa literatura, pois me perco em um mundo completamente diferente e gosto do campo, pois aproveito o doce cheiro do orvalho e do bom café para dar uma descansada.

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