Uma fazenda, uma paixão
Que nunca saiu da vida desse peão
Embaixo das copas das arvori
Sentava pros bão modão ouvi
Todo dia acordava cedo
Antes do sol raiá:
Os passarinhos ainda estavam a descansá.
Tomava um banho prá modi acordá,
Sentava no sofá prá modi o café tomá,
Do lado de um velho e bão radinho,
Que, dia e noite, não parava de cantá.
Na fazenda era só sorriso
Com o meu amigo saía a galopá
Junto com meu parente prá modi de mi ajudá,
Os garroti da fazenda nóis tinha que laçá
Mas essa vida boa e feliz
Um dia ia se finalizá.
Numa manhã, acordei meio tarde
Nem deu pra mi arrumá.
Já saí pro campo correndo
Escutando um zunido
Que não parecia se acabá.
Quando eu oiei na porteira,
Um caminhão ia se achegá.
Parou na porta de casa
E começou a chamá:
– Ôh, moço! Eu vim aqui
pra sua mudança puxá!
Naquele momento,
Me passô um replay
Das lembranças que
Na fazenda ia deixá.
Naquela hora,
via a Fazenda da Sorte se distanciá
Meu mundo tava a desabá
Só sabia e queria chorá
Saí correndo,
Meio desorientado
Prá achá meu amigo,
Que no campo tava estendido.
Quando eu achei o pampa
Nos seus olhos via as lembranças
Dos nossos tempo de criança.
Me despedi com os olhos cheio d'água
Pra casa fui m'embora
Pra modi mi arrumá
Nós subimos no caminhão
Com o coração triste na mão.
As lembranças enterradas no chão
Se tornaram apenas ilusão
De um mundo que era só paixão
Eu ficava olhando pelo retrovisô
Uma vida de peão que ficô.
A fazenda agora é só sardade
Daquele tempo bom de criança
Que se despedia na flor da idade
Pois vô te falá, seu moço:
– Eu inté hoje me alembro
Do gosto do frango no almoço
Do cheiro de mato em dezembro
A antiga Fazenda da Sorte
Ainda hoje pulsa na aorta
Do coração que bate forte
Da memória que (des)brota
* Sou “O Pensador” da foto, estudante do curso técnico em Agropecuária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul (IFMS), campus: Nova Andradina. Meu sonho é ser um engenheiro agrícola. Meus hobbies são tomar tereré, ir ao rodeio e jogar bola.
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