RJ teve 6,7 mil mortes violentas em 2017, alta de 7,2%

Nº de mortos por policiais cresceu 17,9%; governo gastou menos com Segurança


De 2016 para 2017, houve um aumento nos casos de mortes violentas no Rio de Janeiro. Dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta quinta-feira (9) mostram que o estado saiu de 6.262 casos, em 2016, para 6.749, no ano passado. Quando comparadas as taxas por 100 mil habitantes, o RJ registrou uma variação de 7,2%.

Os números foram disponibilizados pelo 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, na categoria Mortes Violentas Intencionais (MVI) do Fórum, que corresponde à soma das vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais

As mortes decorrentes de intervenção policial, também chamadas "autos de resistência", inclusive, subiram de 925 casos para 1.127, um aumento de 17,9% se comparados os números absolutos de casos. Houve, ainda, de 2016 para 2017, um policial a mais morto enquanto estava em serviço. No ano retrasado, foram mortos 27 agentes e, em 2017, 28.

Na capital fluminense também foi registrado aumento do número de mortes violentas: de 1.950 casos, em 2016, para 2.131, em 2017. A variação da taxa a cada 100 mil habitantes foi de 8,9%.

Segurança perde mais de R$ 900 milhões

Enquanto o estado registrou um aumento no número de mortes violentas, os dados do Anuário, obtidos junto à Secretaria do Tesouro Nacional, ligada ao Ministério da Fazenda, indicam ter havido uma redução de mais de R$ 900 milhões em despesas com Segurança Pública. Percentualmente, em 2017 o RJ gastou menos 9,5% em Segurança Pública em relação ao ano anterior.

Diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a socióloga Samira Bueno avalia que em relação ao Rio de Janeiro é preciso avaliar com cuidado a associação entre despesa com segurança e o aumento da violência.

"Olha, o caso do Rio de Janeiro precisa ser visto com cautela porque o aumento das despesas na época das UPPs [Unidades de Polícia Pacificadora] foi enorme e dificilmente seria possível manter aquele patamar no longo prazo. Acho que o crescimento da violência também está relacionado à questão financeira, mas principalmente refletido nos atrasos de salários dos policiais e da incapacidade de custeio da máquina: falta combustível em viatura, falta viatura etc."

Ainda tratando da situação do RJ, a socióloga analisa que o surgimento de várias denúncias envolvendo casos de corrupção dificulta afirmar que a redução de verbas destinadas à segurança esteja apenas atrelada a uma decisão sobre o quanto deve ser repassado à área.

"Agora, com tantas denúncias de corrupção e desvio de verbas que surgiram nos últimos anos, é difícil dizer que isso deriva exclusivamente de uma decisão sobre o quanto repassar pra política de segurança. Afinal, a própria crise fiscal também é, entre outros motivos, derivada de toda a corrupção com recursos públicos e etc."

As informações reunidas pelo Fórum também expõem que o estado destinou apenas R$ 2.470 para "informação e inteligência", em 2017. No ano anterior, segundo os dados, o investimento foi zero. Outra área crítica, o policiamento, perdeu mais de R$ 400 milhões. Isso significa uma redução de quase 68% nas despesas com esse item na comparação entre os dois anos.

Sobre a contenção de gastos com informação e inteligência, além de policiamento, a diretora-executiva considera que há, sim, influência desses dados sobre a violência no estado.

"Claro que tem [influência], tanto que a segurança foi completamente sucateada. Dinheiro importa e essa redução se refletiu em toda a política, da delegacia à viatura, no salário e no esclarecimento de crimes. Mas é isso, o estado vive isso de forma muito brutal, não só a política de segurança."

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