Polícia Civil aponta crescimento de crimes digitais, fraudes eletrônicas e casos de estelionato em Nova Andradina

Delegado titular da SIG Nova Andradina, Caio Bicalho, afirma que esses tipos de crimes cresceram no pós-pandemia e dá algumas dicas para cidadãos/consumidores não caírem em golpes

Da Redação


Ao mesmo tempo em que veio para facilitar a vida do cidadão, trazendo economia de tempo e dinheiro na realização de transações bancárias e de compras online em sites e redes sociais, as tecnologias digitais e eletrônicas também serviram para causar transtornos aos consumidores, clientes ou usuários desse tipo de serviço, visto que bandidos se aproveitaram da situação para criarem diversos golpes de estelionato visando lesar o patrimônio alheio.

A situação se agravou ainda mais em Nova Andradina no período pós-pandemia. É o que afirma o delegado titular da SIG (Seção de Investigações Gerais) da 1ª Delegacia de Polícia Civil, Caio Leonardo Bicalho Martins.

Conforme levantamento feito pelo Jornal da Nova, de 1º de janeiro de 2022 até a presente data, foram registrados 102 boletins de ocorrência referentes a fraudes eletrônicas e 107 estelionatos e mais nove vítimas idosas.

Já no ano passado, a Delegacia de Nova Andradina registrou 208 ocorrências de estelionato, 16 de fraude eletrônica e nove contra idosos.

Tem também a famosa “cifra negra”, que, em síntese, representa os casos que não chegam ao conhecimento das autoridades públicas, demonstrando que os níveis de criminalidade são maiores do que aqueles oficialmente registrados.

Por sua complexidade e dificuldade de solucionar os crimes, alguns tipos de golpes cada vez mais frequentem preocupam os órgãos de segurança pública.

 O delegado titular da SIG da 1ª Delegacia de Polícia Civil, Caio Leonardo Bicalho Martins - Foto: Jornal da Nova

O delegado afirma que os criminosos estão cada vez mais criativos e articulosos, por isso, as modalidades dos golpes crescem e se multiplicam na medida em que as pessoas também se expõem mais nas redes sociais e optam por fazer suas compras pela internet, num simples toque do celular.

Entre os crimes mais conhecidos estão o “falso intermediador de veículos”; a obtenção de empréstimos mediante um “sinal” antecipado de valores na conta do golpista; golpe do falso sequestro e pedido de resgate, pedido de PIX pelo aplicativo WhatsApp, em que o estelionatário utiliza no seu perfil imagens de parentes ou conhecidos e se passa por eles para fingir que tiveram um imprevisto e precisam de dinheiro emprestado. Então, pedem para que faça uma transferência de PIX para eles; o recebimento de e-mails de agências bancárias, links de descontos ou cupons eletrônicos de lojas virtuais em que solicita dados, informações pessoais, códigos e senhas bancárias, entre outros.

Para evitar cair nesses golpes e se proteger de fraudes, o delegado Caio Bicalho aponta que a maneira mais eficaz é agir com atenção, cautela e a desconfiança.

“É um dinheiro difícil de restituir para a vítima, além disso as investigações são complexas porque geralmente envolvem outros estados da federação. Hoje, com os bancos digitais, basta dois minutos para abrir uma conta bancária, e uma vez repassado esse dinheiro para o golpista, é possível fazer transações e transferir para contas em outros estados, por todo o país. A vontade de fazer uma compra e ímpeto de fazer um bom negócio, muitas vezes levam as pessoas a caírem nesses golpes”, frisa do delegado.

“Não existe ‘almoço grátis’. Não existem promoções e dinheiro fácil, temos sempre que desconfiar do oferecimento de milagres e dinheiro fácil. Evite intermediários nas negociações. Quando for comprar um veículo, se atente as documentações. Desconfie da oferta, quando é muito vantajosa, fique com o pé atrás, pois pode estar diante de um possível golpe. Instituições bancárias não solicitam documentos ou senhas por telefone ou e-mail, quando se faz um empréstimo não precisa dar nenhum sinal/dinheiro adiantado, isso vem embutido como forma de tarifa administrativa ou, eventualmente, as contraprestações são posteriores. No caso de ofertas pelo WhatsApp, faça uma ligação em vídeo para comprovar quem é o seu interlocutor”, destaca Caio Bicalho.

 Golpes via WhatsApp são os mais comuns - Foto: Reprodução/Pexels

Mais dicas para evitar cair em golpes

Não acesse links suspeitos

Não clicar em qualquer link é sem dúvida a dica mais importante, ainda mais quando oferecem prêmios e benefícios de graça. Esses sites suspeitos te induzem a informar dados confidenciais, como dados da conta bancária, número de celular e até mesmo números de documentos. Dessa forma, os criminosos podem acessar a conta por meio das informações pessoais e realizar transações financeiras nos aplicativos.

Desconfie de números desconhecidos

O PIX é um tipo de transação que atrai muitos golpistas. Além de usar o WhatsApp para chegar até as vítimas, os criminosos seguem duas principais abordagens. Uma delas é usar como foto de perfil imagens de parentes ou conhecidos e se passar por eles para fingir que tiveram um imprevisto e precisam de dinheiro emprestado. Então, pedem para que você faça um PIX para eles.

Observe se o contato foi feito por um número desconhecido e não de um contato salvo. Vale destacar que os golpistas também dão a desculpa de que precisaram trocar de número. Por isso, se algum conhecido te pedir uma transferência, confirme em outra rede social (ou com outras pessoas) se ele realmente está falando com você ou faça uma chamada de vídeo para ter certeza.

Seu banco mandou e-mail?

Cuidado com as mensagens de bancos, e-mails enviados em nome de instituições bancárias ou financeiras devem sempre te deixar alerta. Isso porque não é prática comum dos bancos enviar informações, promoções ou sorteios por e-mail. Se receber qualquer e-mail de instituição financeira, seja sorteio, recadastramento ou qualquer outra informação, não clique em link nenhum (lembra da primeira dica?).

Quando a esmola é grande, o santo desconfia

Mensagens de descontos ou cupons eletrônicos de lojas virtuais também exigem atenção. Mais uma vez, o link do site deve ser checado e jamais forneça nenhuma informação pessoal. Cupons de descontos podem até existir, mas não devem pedir o número do cartão de crédito (ou qualquer informação pessoal) antes do fechamento da compra, independentemente da promoção.

Como evitar golpes pelo WhatsApp

Golpes via WhatsApp são os mais comuns - Foto: Reprodução

- Realizar chamada de vídeo para a pessoa com a qual acredita estar conversando, a fim de certificar-se que esteja realmente falando com ela.

- Ficar atento a mensagens de familiares com início: "troquei de número" ou "adiciona meu novo contato", devendo nesse caso a vítima sempre ligar para o número antigo visando confirmar a situação.

- Se possuir filhos ou outras pessoas de sua confiança que residam longe de seu domicílio, combinar com eles um tipo de código ou palavra chave de conhecimento apenas dos dois, a fim de que possa ser utilizado na conversa em caso de desconfiança de alguma das partes.

- Nunca acessar links suspeitos recebidos pelo WhatsApp e jamais repassar qualquer dado pessoal ou bancário através desse tipo de mensagem.

- No menu "Configurações" do WhatsApp, acessar a opção conta e ativar o processo de verificação em duas etapas, escolhendo assim uma senha que impede terceiros de acessarem seu aplicativo em outro dispositivo sem que essa senha seja digitada, lembrando sempre de guardá-la consigo, em local seguro.

- Ficar atento a qualquer tipo de mensagem que esteja te pedindo alguma informação pessoal ou dados bancários. Além disso, mensagens com propostas sensacionalistas ou com preços muito fora do padrão também costumam ser uma característica de fraudes.

- Realizar atuação de dados cadastrais apenas pela plataforma do próprio banco, não fornecendo nenhum tipo de informação por e-mail, SMS ou WhatsApp, ainda que a pessoa com quem esteja conversando diga que seja o gerente de sua conta ou algum outro funcionário da agência.

“Os procedimentos acima diminuirão significativamente as chances de o golpe de estelionato ser consumado, valendo lembrar que as vítimas desse tipo de crime devem sempre entrar em contato com a própria agência bancária e informar o ocorrido imediatamente, a fim de realizar os bloqueios necessários e impedir que sejam efetuadas novas transações fraudulentas”, finaliza o delegado.

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