— Clodoaldo meu amigo! Como vão as coisas? E o novo emprego?
— Qual novo emprego?
— Ora, o emprego na fábrica de tintas que iria começar essa semana.
— Fui demitido.
— Outra vez? É o sexto emprego que você é demitido nesse mês. O que aconteceu dessa vez? Não vai me dizer que chegou atrasado novamente!
— Justamente isso! Cheguei para trabalhar às dez da manhã e fui despedido.
— Mas, e o despertador novo? Não funcionou?
— Acho que tenho algum tipo de maldição. Os despertadores não tocam de manhã quando mais preciso.
— Até aquele despertador digital que você comprou recentemente?
— Aquele mesmo. O programei para despertar às seis horas da manhã, mas quando acordei, com a musiquinha do Caminhão de Gás, já era nove e meia.
— E o despertador?
— Estava lá, mudo como uma porta!
— Não é possível Clodoaldo! Quantos despertadores você já teve?
— Inúmeros! Já comprei despertador à corda e nem tchum dele me acordar. Já tentei colocar o celular para despertar, e quando tocou, já era tarde, na verdade, era o então patrão ligando para me demitir de mais um emprego.
— Você precisa fazer algo urgente Clodoaldo! Não pode ficar perdendo empregos dessa forma por causa dos despertadores.
— Eu sei, mas o que posso fazer? Tenho sono pesado e de manhã preciso que alguma coisa me acorde, senão fico dormindo até tarde.
— Já sei o que fazer Clodoaldo. Vou te dar um presente que fará você acordar todo dia bem cedinho para ir trabalhar.
— Qual é esse presente mágico, meu amigo?
— Um galo!
E dessa forma, Clodoaldo passou a acordar todo dia na hora certa graças ao seu galo, que pontualmente estufava o peito e cantava sem parar quando a claridade do sol começava a despontar timidamente no horizonte.
Entretanto, algumas semanas depois, o amigo de Clodoaldo o encontra cabisbaixo e moribundo.
— O que aconteceu Clodoaldo? Algum problema?
— Fui demitido novamente?
— Por quê?
— Cheguei atrasado.
— Como assim? Você tinha resolvido o problema depois que lhe dei o galo!
— Eu sei..., mas é justamente por isso. O galo não canta mais de manhã...
— O que aconteceu com o galo?
— Eu comi...
*Jornalista, escritor e poeta, nasceu em Jacutinga (MG), possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova
Cobertura do Jornal da Nova
Quer ficar por dentro das principais notícias de Nova Andradina, região do Brasil e do mundo? Siga o Jornal da Nova nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram e no YouTube. Acompanhe!