Revogar o Novo Ensino Médio, é preciso

*Claudinei Araújo dos Santos


A educação brasileira não funcionar é certamente um projeto violento iniciado ainda no Brasil Colônia, educação branca, europeizada, colonizadora e com o intuito de letramento ruim e alfabetização deficitária. No entanto, hoje falaremos do novo ensino médio, de forma muito peculiar idealizado por institutos e fundações ricas com pensamento pobre para pobres.

É recordável que havia nos idos dos primeiros anos do último decênio um pequeno crescimento e desenvolvimento socioeducacional da população no campo da empregabilidade, uma vez que, foi notório o acesso a escolaridade e formação de profissionais por meio dos cursos técnicos em Institutos Federais e Universidades Federais, assim como, instituições privadas que corroboraram para formação de profissões de diversas áreas e popularização do ensino superior.

No entanto, ressaltamos que por volta do ano de 2013 um grupo do empresariado rico brasileiro criou o Movimento Pela Base, financiando intelectuais de direita para elaborar um projeto educacional, do qual o grande intuito é tratar de inserir o alunado pobre no mercado de trabalho. Desde sempre é preciso entender que quando um projeto educacional parte da aristocracia, certamente o intuito não é projetar ensino e aprendizagem de qualidade, mas, seguramente doutrinador e mecanizado. Não por acaso, estão nesses meandros Fundação Lemann, Instituto Natura, Unibanco, Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Ayrton Sena, Fundação Grupo Volkswagen, Fundo de Participação 3G, entre outros que idealizam a Reforma e chamam de Novo Ensino Médio.

É preciso ser racional, especialmente se temos filhos na infância que em poucos anos alcançará o ensino médio e/ou, filhos com maior idade e já estão no ensino médio, pois, a educação que caminhava em ascendente continuidade, perdeu boa parte da corrida quando esse país foi tomado por atos violentos e golpistas que atentaram contra a democracia brasileira.

Iniciemos pois então, pela necessidade de que nesse momento de retomada a democracia, a dignidade do povo brasileiro, possamos destinar todos os nossos esforços em prol da revogação do Novo Ensino Médio, que é justamente uma prática antiga nesse país, elitizar a educação, permitir que os mais ricos continuem com acesso a melhor educação, enquanto os pobres recebam o que há de pior no meio educacional, é o que justamente o Prof. Dr. Ângelo Emílio da Silva Pessoa da UFPB chama em seu livro “As Ruínas da Tradição”, de A Tradição das Ruínas, em palavras mais claras, “é preciso arruinar o que está sendo construído para manter a tradição”.

Em um país com tamanha desigualdade, manter a educação em processo de desqualificação, como diria Darcy Ribeiro, “é um projeto”, não é uma crise, mas, um plano historicamente construído. É preciso que o ministro da Educação, Camilo Santana, possa sentar com estudiosas/os da educação e adentrar a idealização de revogar urgentemente o Novo Ensino Médio, que é tão velho quanto o olhar colonizador sobre o povo brasileiro de menosprezo. Temos percebido, que mais é menos, aumentaram em quantidade hora/aula e diminuíram imensamente em educação, retiraram de nossos estudantes a obrigatoriedade de disciplinas essenciais como Geografia, História, Química, Física, Biologia, Filosofia, Sociologia, para dar fomento ao empreendedorismo sem embasamento e sustentação teórica e/ou metodológica, pois, é justamente assim que essa idealização foi proposta aos estudantes.

O Novo Ensino Médio, chega às escolas sem projeto, sem organização, sem preparação docente, milhões de reais gastos para a implementação desse modelo educacional que é de grande interesse das empresas privadas que descartam o conhecimento, a viabilidade de levar o filho do pobre ao ensino superior, vislumbra incessantemente levar estes mesmos ao mercado de trabalho, como se fosse intuito apenas trabalhar, serem vendedores de mão de obra, alienados ou não, pois, até mesmo a língua inglesa, juntamente com a Língua Portuguesa e Matemática, são disciplinas obrigatórias, colocando no aleatório as demais disciplinas e matérias que devem dar acesso ao saber em diversas formas de busca. Desta maneira, é preciso salientar que o “Novo Ensino Médio”, precisa ser revogado, a classe pobre necessita ter sua dignidade respeitada e valorizada, haja vista, o povo pobre também anseia por ensino de qualidade, pelo ensino superior, por conhecimento, pesquisa, ciência, e para tal, é necessário cristalizar a importância de haver a Revogação do Ensino Médio, espera-se que o Governo atual venha atual incessantemente para que isso aconteça.

* Doutorando em História pela UFGD

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova

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