Onde o diabo mete a pata...

*Percival Puggina


Não se melindre o governo, mas essa era uma antiga expressão para designar dois tipos de situação – quando fracassava iniciativa tomada por alguém de má fama e quando surgiam problemas de todo lado em algo que estava indo bem. Era o diabo metendo a pata.

A frase me veio à cabeça quando tomei conhecimento de que o governo está preparando um projeto de lei para enviar ao Congresso formalizando o trabalho nos aplicativos de mobilidade. Coisa de pouca monta segundo leio no site Jota, tipo 27,5% de INSS, R$ 30 por hora para motoristas e R$ 17 para motoqueiros.

Tenho certeza de que quem leu isso aí já percebeu algo que o governo não viu. Alguém vai cair fora: ou os que trabalham nessas atividades, ou os usuários desses serviços, ou as próprias empresas proprietárias dos aplicativos. A gente sabe que o governo faz isso pensando generosamente nas pessoas, só não diz que pessoas são essas, porque nas pessoas usuárias dos serviços é que não foi e nas pessoas dos trabalhadores no sistema tampouco. Tudo leva a crer que a atenção do governo incida sobre pessoas do próprio governo e sua única preocupação: colocar dinheiro dentro do caixa para cobrir o rombo fiscal primário de R$ 145 bi nas previsões para 2023 refeitas em agosto passado.

O Estado, porque não é só o poder Executivo, tem esse péssimo hábito de estragar o que funciona e conceber coisas que não dão certo, enviando a conta para a sociedade. Por isso, o amigo Gilberto Simões Pires escreveu outro dia em seu “Ponto Crítico” que entre incompetentes e corruptos, estes últimos são menos prejudiciais. Já nem falo quando resolvem trabalhar em equipe, que Deus nos livre.

O mais real conflito no Brasil de hoje, malgrado todas as manobras diversionistas que tentam focar questões de classe, raça, gênero, etc., se relaciona à opressão do público sobre o privado, do Estado sobre a nação.

*Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

Este texto, não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova

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