Após 30 anos, idoso reencontra a família com ajuda de farmacêutico nova-andradinense

Uma história de reencontros, de família e, sobretudo, muito amor

Da Redação


O farmacêutico Marcos Ferreira de Moraes conheceu seu José numa consulta médica no Hospital Regional. Enquanto aguardavam atendimento, o idoso contou sua história de vida e falou da sua vontade de rever a família, que há 31 anos deixou para trás. Senhor José saiu de Osasco a pé e veio parar em Nova Andradina no ano de 1993. Desde então, vivia sozinho. Nunca havia contado pra ninguém que tinha uma família. E uma família grande. Hoje são 7 filhos, 14 netos e 6 bisnetos.

Marquinhos se sensibilizou com a história e resolver publicar no sábado (20), um post no Facebook num grupo de moradores de Osasco (SP), com a foto do senhor José e algumas informações sobre a sua família.

Após 10 horas, no domingo, uma ex-cunhada de Rosa e Rosália estava de olho nas redes sociais, visualizou a foto do senhor José e como conhecia a história e alguns nomes, o post chamou a atenção. As coincidências eram tantas que ela não hesitou em fazer contato com as ex-cunhadas. Na mesma hora, ela enviou a foto e perguntou: você conhece este homem?  Elas viram a postagem e, apesar de totalmente surpresas e incrédulas, as semelhanças eram evidentes e havia mesmo a possibilidade de que poderiam estar diante do seu pai.

Senhor José se separou da esposa quando os filhos ainda eram pequenos. Ele tinha problemas com alcoolismo e parecia cigano. Trabalhou com ajudante de caminhoneiro, então, ele aparecia, visitava a família quando queria e depois sumia. A mãe criou e educou a todos praticamente sozinha. A família veio de Minas Gerais para Osasco quando os filhos ainda eram bem pequenos. Permaneceram casados por cerca de um ano após a chegada no município paulista, depois já se separaram.

“Ela nunca proibiu meu pai de ver os filhos. Ele vinha nas datas especiais, aniversários, natal, casamentos. Foi assim durante anos até perdermos de vez o contato. A última vez que o vi foi no meu casamento, há 31 anos. Nunca soubemos do seu paradeiro, que tivesse residência fixa. E também não procuramos por ele, porque nem sabíamos por onde começar a procurar. Ele é filho único, nunca conhecemos nossos avós e tivemos pouca convivência com ele. Pelo modo como vivia, achava que ele não estava mais entre nós.”, disse Rosália emocionada.

Imediatamente, Rosalia ligou para Marcos e pediu para que ele fizesse algumas perguntas ao suposto pai, sem que ele soubesse que elas estavam investigando se, realmente, se tratava da mesma pessoa que partiu das suas vidas há tanto tempo.

Diante de todas as respostas, as irmãs Rosa, Rosalia e o genro fizeram as malas e no dia seguinte partiram de Osasco rumo a Nova Andradina. Na segunda-feira (22), percorreram 830 km e no final da tarde já estavam na cidade, onde foram recepcionadas por Marquinhos.

A vontade de rever o pai era tanta que não quiseram aguardar mais nenhum minuto. Ao chegar em frente ao Condomínio do Idoso, local onde Sr. José vive desde 2019, elas bateram na casa do idoso e foram apresentadas por Marquinhos como agentes de saúde (Rosalia é mesmo agente comunitária), que estariam fazendo uma visita domiciliar, para não assustá-lo.

“Nós sentamos à mesa e ficamos frente a frente com ele. Comecei a perguntar sobre o atendimento no hospital. Aí, minha irmã não aguentou, ficou muito emocionada e quis saber se ele não reconhecia nossa fisionomia, se ele tinha uma filha chamada Rosa e foi aí que ele nos reconheceu e tudo foi revelado a ele”.

Questionadas sobre mágoas ou rancores que poderiam ter pelo pai as terem abandonado. “Acho que o sentimento de desamparo é dele, ele que sempre esteve sozinho. A gente cresceu em família, com muito amor. Nós tivemos minha mãe como referência. Na época, ela teve muita sabedoria. Apesar de tudo, ela nunca nos proibiu de nos visitar, justamente para que depois não se sentisse culpada. Hoje cada um tem a sua família, mas permanecemos unidos. Cuido da minha mãe e todos moramos na mesma cidade. Acho que ele tem sim o receio de ser rejeitado, mas isso não há, ele viu e sentiu isso”.

 José Ulisses da Silva, de 87 anos, com a família em Osasco (SP) - Foto: Divulgação

Agora, o início de ano da família do senhor José vai ser mais do que especial. Elas partiram na manhã dessa quinta-feira (25) de volta pra Osasco e levaram consigo o pai e muitas histórias pra contar. A ex-esposa, dona... e todos os demais irmãos e familiares ainda não sabem que o seu José está vivo e, muito menos, que está voltando pra casa.

“A gente vai deixar pra contar lá, porque até explicar pra família toda a história. Fizemos o convite pra ele vir conosco e ele topou. Foi tudo muito rápido. É tudo novidade pra nós, mas queremos que ele conheça os netos, bisnetos, reencontre minha mãe, os nossos irmãos. Ainda não sabemos o que nos espera pela frente, o que vai acontecer, mas estamos felizes e muito gratas por encontrar nosso pai vivo”. 

Condomínio do Idoso

Morador do Condomínio do Idoso, José Ulisses da Silva, de 87 anos, quis compartilhar a sua história com Marcos e também com sua amiga, a vereadora Márcia Lobo.

Senhor José sempre contou para os amigos, vizinhos e onde quer que estivesse que não tinha família, era sozinho. Até 2019, vivia numa casa em condições insalubres. Conheceu Márcia Lobo quando ela ainda trabalhava como diretora da Agehnova, a agência de habitação de Nova Andradina. Construíram laços de amizade e, quando o Condomínio do Idoso estava selecionando seus futuros moradores, lembrou do Senhor José.

“Ele era sozinho, não frequentava o Conviver, tinha alguns problemas de saúde e se encaixava no perfil daqueles que poderiam ser beneficiados. Acabou dando certo, ele se adaptou muito ao novo lar. Sempre que posso venho aqui no Condomínio, conversamos, mas ele sempre escondeu esse lado da sua história. Fico muito feliz, emocionada de ver esse reencontro. Foi o Senhor José que nos chamou, que fez questão de apresentar suas filhas, seu genro, contar detalhes da sua vida. Me emocionei, chorei e vibrei por esse final feliz. Que seu José possa redescobrir a família e aproveitar cada segundo e eles também. Foi um reencontro emocionante, acho que vai ficar pra sempre na minha memória e no coração de todos nós. Toda gratidão ao Marcos da farmácia, por fazer essa ponte e unir uma família”.

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