Carta aberta ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Nova Andradina

(Ou “Perguntas de trabalhador que lê”. Bertold Brecht)

*Eduardo Martins


“A cada página uma vitória.

Quem preparava os banquetes comemorativos? A cada dez anos

um grande homem.

Quem pagava as despesas?

Tantas informações.

Tantas questões”.

Bertolt Brecht

Estimados/as. Amigos/as e companheiros/as de andanças, lutas e militâncias em prol da política limpa, ética e, sobretudo, humanizada. Em prol dos direitos humanos, da vida, dos mais carentes e marginalizados socialmente. Ao Partido Socialista Brasileiro de Nova Andradina, MS (PSB).

Venho por meio dessa, falar com vocês que estão optando se aliar a um tipo de política de direita, na nossa Nova Andradina, MS. Colegas de luta, o partido a qual vocês imaginam estar fazendo um bom negócio, acabou, lá em 2018, quando o bozo o eliminou da vida política. A parcela de políticos e eleitores, mais bem politizados caiu fora, vide o Geraldo Alckmim.

Até mesmo em São Paulo, ente da federação, historicamente reacionário, chutou seu traseiro, elegendo a extrema direita sob o rótulo de Tarcísio... São Paulo governada durante mais de 20 anos pelo chamado “tucanistão do sul”, foi pro ralo com ascensão da extrema direita, com requintes de crueldade. Minas Gerais, o maior colégio eleitoral do país, também escorraçou Aécio Neves do seu berço político, escolheu um alienígena chamado Zema (dono de uma grande rede de eletrodoméstico, lá pelas Gerais – um analfabeto político), do tal partido Novo (!?). E ganhou aqui no MS, porque o PT teve, obrigatoriamente, que votar num mal muito menor, o Ridel, contra justamente um tal capitão, coligado deles.

Eu não estou me referindo a pessoas, especificamente, em Nova Andradina, até porque os considero simpáticos; mas lembre-se do adágio popular que diz que: de simpatia o inferno está cheio. São patrões, outsiders, profissionais liberais, aventureiros e demais coisas geradas pelo analfabetismo funcional e político, oportunistas, ou simplesmente odeiam o “PT”. Ou o que eles, no auge da sua ignorância histórica, chamam de “comunismo”. É ódio destilado a fel, de morte, como fazem as milícias deles no Rio.

A aliança de vocês é estranha e o futuro deve lhes cobrar um alto preço por esse flerte momentâneo. Indevido, no sentido das ideologias serem as antípodas; o Partido Socialista é esquerda raiz, luta em prol de pretos, putas, gays, lésbicas, mendigos, moradores em situação de rua; é comunista, ou socialista, como vem expresso na sua sigla.

“O Partido Socialista Brasileiro é um partido político brasileiro de centro-esquerda fundado em 1985 e registrado oficialmente em 1988. Foi criado por um grupo político que reivindicou a legenda e sigla do antigo PSB. O partido utiliza como símbolo uma pomba da paz e suas cores são vermelho, amarelo e branco”. Aqui fui ao nosso, velho e usado Wikipédia para lhes recordar vossa ideologia (grifo meu).

Finalmente, eu não sei o que vocês esperam dessa aproximação escusa e muito, muito perigosa. Como historiador que sou, então, por obrigação de ofício, mas principalmente e, sobretudo, vou lhes relembrar da política Alemã de 1933, em que um certo partido, nanico, irrelevante, ascendeu ao poder, com um jovem cristão, que defendia os valores de “pátria, Deus e família”, dizia coisas como “o trabalho liberta”. O fim dessa História foi 6 milhões de judeus, ciganos, pretos, gays, mas se fosse um já seria muito, mas, sobretudo, comunistas brutalmente assassinados/as. E milhares escravizados/as.

Talvez, o que vocês deixaram passar é que os/as trabalhadores/as da época o apoiaram, votou nesse partido de extrema direita. Por que estou dizendo isso? Porque Historia est Magistra Vitae, cumpre a ela nos fazer lembrar o que as elites, a burguesia e os protofascistas querem que esqueçamos; a opressão, o genocídio, o colonialismo, o patriarcado, e a exploração de nós trabalhadores e trabalhadoras.

Por fim. Camaradas, daqui a dois anos teremos eleições para Presidente da República. Indago, de qual lado da rua, aí da avenida Moura Andrade, ou da Praça Monumento Ofaié eles estarão, quando nossas bandeiras com a pomba branca da paz e com a estrela vermelha tremularem com amor e fúria contra o protofascismo brasileiro e nova-andradinense? Quem caminhará com vocês? É isso que vale na vida; quem caminha com a gente o caminho da fé.

Caiam fora enquanto é tempo. É cilada.

Fraternal abraço, de um velho camarada de lutas de rua que sente o coração doer.

Em 31 de julho de 2024.

Eduardo Martins.

*Professor Adjunto 4, UFMS, campus de Nova Andradina, CPNA.

Este texto, não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova

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