Receita para fazer um bom nova-andradinense

*Eduardo Martins


Ao maior poeta sul-mato-grossense, Jaminho, que me inspirou nessa escrita genealógica/nativista (do) nova-andradinense.

Para fazer um nova-andradinense, bom, original; junte uns paulistas monçoeiros, gaúchos originários fugidos da guerra civil, uma pitada de “baiano”, que veio para essas bandas desmatar os Ipê, Peroba, e demais madeiras de lei. Pode bater tudo junto é mistura homogênea, mesma massa. Coloque junto os paraguaios. Mexa bem a massa e deixe descansando algumas décadas.

Coloque no recipiente, tudo junto, um punhado de negro, que depois da Guerra, por aqui ficou, sob a promessa de liberdade e terra. Esse ingrediente é essencial, pois dará liga na massa, vai engrossar e dar mais sabor.

Junte os colonizadores e bata num pote separado; essa mistura é heterogênea.

Pegue indígenas Ofaié e, misture tudo por um bom tempo, de século, e teremos os primeiros nova-andradinenses, da receita original, antigos habitantes do bairro Laranjal, os primeiros. Só depois é que os indígenas foram tirado da receita, sob alegação de que não davam liga e deveriam ser eliminados, quando muito poderiam virar calda.

Depois, coloque japoneses, italianos, e demais gringos da “zooropa”, fugidos das suas guerras, para amalgamar a massa e fazer um nova-andradinense com sobrenome difícil. E vender mais caro, sempre dá certo e, alguns viram prefeitos. (receita quase infalível).

Nas matas, savanas e florestas, pegue a guavira, manga, e todos os tipos de cocos e frutos que a mata der. Espere por mais um tempo, deixe a massa descansar sob o sol.

Inchada a massa humana e, feita o recheio com as ruas, praças e avenidas; antes de tudo a Igreja Matriz, não se esqueça de pedir a benção ao padre. Senão, não sai um bom nova-andradinense, povo de fé católica, anteriormente; depois evangélica, kardecista, candomblé, mas tudo de fé cristã.

Junto aos rios, córregos, riachos e nas suas barrancas, tome banho, pesque, nade, brinque de ser peixe à vontade. Pegue um balde d´água do “corgo” do baile, outro do ribeirão Samambaia. Um pouco de areia das planícies costeiras que é tirado da margem direita do rio Ivinhema, reserve tudo.

Já nos idos do século XX, pulando para o 21, e, aos domingos, fique plantado na avenida Moura Andrade vendo os carros e motos desfilarem, pode ser em frente à Finan. Se quiser ser um bom nova-andradinense.

Já, adelante, com a massa pronta, indo ao forno, no século 21 adiante, junte mais paulistas, gaúchos, mineiros, paraguaios, gringos sul-americanos, migrantes e, muitos paranaenses, sobretudo do noroeste que faz divisa com o Estado de Mato Grosso do Sul, dizem que são bons em se misturar e compor a receita do bom nova-andradinense; esses ingredientes, geralmente, viram professores; iguaria muito boa, mas, às vezes, indigesta.

Comer um salgado e beber uma geladinha no saudoso Lanchão (RIP), durante mais de 4 décadas. Na pastelaria Kinome, também pode ser no Caldo de Cana, ao lado do Bradesco. À noite ir ao Perobão 3, do simpático Bolinha, tomar litrão barato. O povão nova-andradinense vai mesmo é no Chinacas. Receita das boas.

Prontinho, eis o bom nova-andradinense, em sua versão pronta e acabada. Mas, que necessita sempre ser requentado, para se saborear quentinho, com um bom trago de café, mas em geral, prefere-se o tereré bem gelado.

*Professor Adjunto 4, UFMS, campus de Nova Andradina, CPNA.

Este texto, não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova

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