'Capitão América' acerta com humor e bom roteiro

Filme conta com um belo vilão, o Caveira Vermelha, e bons coadjuvantes, como Stanley Tucci e Tommy Lee Jones


Ao lado do primeiro "Homem de Ferro", "Capitão América: O Primeiro Vingador" é a melhor surpresa dos últimos anos entre adaptações de histórias em quadrinhos de super-heróis para o cinema. E o motivo para o sucesso dos dois é parecido: um cuidado maior com o roteiro e as atuações do que com os efeitos especiais, um investimento maior no humor do que na ação.

No caso de "Homem de Ferro", essa aposta já ficava clara na escolha como diretor de Jon Favreau, que se graduou como ator, roteirista e diretor de comédias. Em "Capitão América", a opção por Joe Johnston podia indicar o pior, já que ele se consagrou como especialista em efeitos visuais e depois dirigiu alguns filmes poucos memoráveis, como "Jumanji", "Mar de Fogo" e "O Lobisomem".

Mas Johnston se sai melhor que a encomenda, entregando um produto que lembra clássicos como os dois primeiros "Superman", em sua equilibrada mistura de ação, romance, comédia, nostalgia e até crítica social. E no qual os efeitos especiais são usados para avançar a narrativa e não apenas impressionar o espectador. 

Foto: DivulgaçãoAmpliar

Hugo Weaving como o Caveira Vermelha, vilão de 'Capitão América'

Um exemplo: na primeira meia hora do filme, Steve Rogers (Chris Evans) é um jovem franzino que tenta se alistar para lutar na Segunda Guerra Mundial, mas é sempre recusado por sua fragilidade física; nessas cenas, o rosto do bombado Evans é digitalmente colado ao corpo de um ator esquelético. Técnica parecida foi usada no recente "Tron" ou em "O Curioso Caso de Benjamin Button", mas em "Capitão América" ela não é uma atração em si, mas um instrumento para chegar a ótimos momentos cômicos.

Em dado momento, Rogers é escolhido pelo cientista alemão Abraham Erskine (Stanley Tucci), que saiu do país fugindo de Hitler, para testar um soro que potencializa as características de uma pessoa. Ele sai da experiência como um supersoldado americano, justo, corajoso e de enorme força. Mas, em vez de ir para o campo de batalha, acaba sendo usado por um político para promover o alistamento em um ridículo show (um trecho de sátira social bastante engraçada dentro do filme).

Foto: DivulgaçãoAmpliar

Tommy Lee Jones e Hayley Atwell

Mas, contrariando ordens superiores, o Capitão América, como é batizado, finalmente entra na guerra com a missão de derrotar o Caveira Vermelha (Hugo Weaving), um seguidor independente de Hitler, que também testou o soro do Dr. Erskine e tem poderes sobrehumanos. No tempo livre, Rogers ainda tenta seduzir a oficial Peggy Carter (Hayley Atwell), com a falta de jeito de alguém que nunca teve chance com as mulheres por causa do físico frágil. A partir desse momento, "Capitão América" entra no modo "filme de ação tradicional".

Não há cenas de ação incríveis como em "Homem Aranha", Chris Evans é um ator bem menos carismático do que Robert Downey Jr. ("Homem de Ferro"). E, além disso, o Capitão América é um super-herói menos excitante do que esses outros dois, porque é um sujeito certinho e patriótico, sem um lado sombrio.

Mas "Capitão América" conta com um artesanato de roteiro e uma elegância de direção muito superiores à média, há um belo vilão (Weaving), bons coadjuvantes (Tucci, Atwell e também Tommy Lee Jones). E, por fim, existe também uma interessante intersecção com outros personagens da Marvel, como Howard Stark (pai de Tony, o Homem de Ferro) - uma forma inteligente de criar interesse pelos futuros filmes dos super-heróis da editora.

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